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VIDA DE PEREGRINA

Então, a vida de peregrino começa cedo, muito cedo... não há despertador ou sirene para acordar, mas lá pelas 6:00/6:30 da manhã os albergues começam a despertar, são os próprios peregrinos mais matutinos que se enca...rregam de puxar a leva... e quem não desperta nesse momento logo tem que sair, pois o espaço tem que ser limpo para receber mais gente. Na preparação para saída, o protetor solar não pode faltar, assim como as garrafas de água devem estar cheias. Mochilas e bastões à postos e o dia chama... Depois de alguns quilômetros de caminhada vem o café da manhã, que pode ser em um vilarejo no caminho ou no meio do campo como pic nic... depois a caminhada segue no meio de paisagens diversas, mas sempre com a natureza nos brindando ao redor... ao longo dos quilômetros muita gente interessante, muitos encontros e desencontros... pra depois voltar a se encontrar. O divino emerge das flores, do vento, dos relevos, das histórias, da sincronicidade, da fé, das trocas genuínas, do povo acolhedor, de dentro dos templos e dos lugares sagrados... É hora de descansar, tirar as meias, saudar os pés, dar gratidão pela força que emerge nos impulsionando sempre adiante. É hora de respirar, experimentar o ócio, o belo, a parada. É hora para uma boa fruta ou para escrever algo no livro de memórias. E acabado o descanso, mais quilômetros ganham nossa estrada. E quando o corpo pede atenção é hora de desacelerar e buscar pelo lar-daquela-noite. Chegou a hora do banho quente, de vestir os chinelos, lavar as roupas suadas e... curtir... apreciar a vila escolhida... ouvir os companheiros de todo mundo que escolheram os mesmos lugares... é hora de ouvir e ser ouvido, de ajudar e ser ajudado... é hora de sorrir, pensar, cantar, brindar, compartilhar... Logo chega a hora do jantar, hora da refeição principal do dia, hora do pão e do vinho... do alimento para o corpo e alma. Hora para conhecer mais peregrinos, compartilhar mais experiências. Para alguns, hora de rezar, meditar ou pensar em tudo que passou. É hora de agradecer por mais um dia de Caminho, da grande jornada da vida rumo ao encontro de nós mesmos. Logo chega a hora de dormir, são 10 da noite e as luzes vão se apagar. O ambiente fica escuro, mas dentro de cada peregrino, uma luz maior acende... dia após dia, aumentando a chama que nos aquece e nos faz mais vivos. Nessa hora percebemos que de fato somos um. Um tão inteiro todo feito por tantos de nós. E assim, logo começa um novo dia... pra viver acordados os sonhos um dia sonhados.


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