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Alguém que viajou...

Tanto que não consegue mais achar um lar...

Algumas pessoas nascem com espíritos inerentemente nômades. Sua droga é a aventura.

Eles acham muito difícil ficar em algum lugar por muito tempo. Não é que eles tenham medo de estagnar. Eles simplesmente não conseguem ficar parados.

Esses eternos viajantes são impulsionados para frente silenciosamente pela rotação da Terra, sendo impossível para eles descansarem enquanto não tiverem ouvido e visto tudo.

Para alguns, isso é simplesmente o produto da juventude somada com uma curiosidade inata a respeito do mundo. Para outros, é um aspecto fundamental dos seus seres, e pode até ser genético.

“Jonh Steinbeck, um autor americano, escreveu uma vez:

Quando eu era jovem e o impulso de estar em qualquer outro lugar me atormentava, pessoas mais velhas me diziam que envelhecer curaria esse meu problema.

Quando eu envelheci, eles disseram que a culpa era dos meus quarenta. Nos meus quarenta, eu tinha certeza que quando eu envelhecesse… eu curaria meu problema. Nada funcionou. Em outras palavras, uma vez mendigo, sempre mendigo. Temia que minha doença fosse incurável.

De fato, a wanderlust, como é chamado a inexplicável sede por viagens e exploração do mundo, é uma condição bem teimosa. A única forma de tratamento viável era se render aos seus sintomas.”

Ou seja, quando você começa a ter um desejo absurdo de viajar e se aventurar, tentar lutar contra isso é fútil. Você tem que alimentar a besta para acalmá-la. Por sorte, você descobrirá mais sobre si mesmo e sobre o mundo de uma forma que nunca imaginaria que pudesse acontecer.

Viagens nos muda de formas irrevogáveis. Qualquer um que tenha passado tempo suficiente na estrada entende isso.

Essa clareza decorrente da exploração, entretanto, não vêm sem alguns sacrifícios.

Quando o estranho se torna familiar, o familiar se torna estranho. Depois de você ficar na estrada por tempo demais, ela parece ser mais seu lar do que o lugar que você nasceu.

Lar é onde seu coração está, mas você deixou pedaços do seu coração em vários lugares.

Há uma diferença considerável entre ser um turista e um viajante.

Turista visita os lugares para escapar da realidade do seu dia-a-dia. Eles seguem rotas já traçadas e nunca exploram nada.

Ou seja, turistas querem meio que uma versão de Wikipedia dos lugares que vistam: um sumário rápido e conveniente que envolve o mínimo de esforço e o máximo de conforto.

Viajantes genuinamente procuram entender e experimentar os lugares que se encontram. Eles ficam tão imersos nos lugares que deixam pedacinhos de si em cada canto que passam.

Quando é hora de deixar o lugar e continuar em frente, eles sentem como se tivessem perdido algo com valor imensurável, que nunca poderá ter de volta. Na verdade, esse senso de perda é um produto de tudo que eles adquiriram: experiências que não tem preço e perspectivas magníficas.

De fato, verdadeiros viajantes acabam amando outras culturas e lugares. Mas a noção de “lar” acaba se tornando elusiva. Não existe mais lar, existem sentimentos.

Lar é onde as pessoas descansam, mas você não se sente confortável, a menos que esteja se movendo.

Talvez os viajantes sejam simplesmente pessoas que constantemente procuram pela seu lar. Afinal, lar não é exatamente um lugar; é um sentimento de pertencer a algum lugar.

É por isso que os viajantes tem tanta vontade de estar em lugares estranhos. Eles encontram contentamento no que não é familiar, e eles tem um desejo insaciável de aprender sobre e entender a condição humana.

Em essência, eles são estudantes do mundo, o que requer que mudem suas salas de aula constantemente.

A jornada é seu lar. É onde eles acham paz. Não é que eles não reconhecem o valor da comunidade, eles apneas não vêem uma necessidade de colocar uma limitação geográfica nisso tudo.

Lar é de onde as pessoas vem, mas você é do mundo. Dependendo da pessoa, “lar” pode significar várias coisas.

Quando a maioria de nós nos refere a lar, queremos dizer a área onde nossas famílias estão, a região onde crescemos, etc.

Para pessoas que viajaram muito, lar vira um conceito meio intangível.

Não é que eles não sentem conforto no familiar, é que eles sentem um desejo inexplicável de estar em vários lugares de uma vez.

Eles querem estar em todos os lugares e em lugar nenhum ao mesmo tempo. Esse sentimento estranho é produto de ver o mundo inteiro como sua comunidade, e isso é apenas um dos inúmeros benefícios da vida de viajante.

Viajar te faz enxergar o fato de que independente das diferenças culturais, a vasta maioria dos seres humanos só querem achar felicidade e paz, cada um da sua forma inofensiva.

Além de tudo, você percebe que fronteiras, geografia, história e cultura não devem ser utilizados para perpetuar a separação. Ao mesmo tempo, você aprende que nenhuma nação é imune a certos níveis de ignorância, e dificilmente isso é razão para condenar uma população inteira.

Nós tememos o que não conhecemos, e atacamos e insultamos o que não compreendemos. E é precisamente por isso que viajar é tão importante, por ser o maior inimigo do ódio e da ignorância.

Através das viagens, você começa a ver o mundo como um lugar unificado e dinâmico, cheio de diversidade e gente bonita.

Como espécie, os humanos compartilham uma conexão inata, que é muitas vezes esquecida. Viajar abre seus olhos para esse laço elementar.

Se mais pessoas viajassem, elas começariam a ver o planeta inteiro como seus próprios lares. Consequentemente, o mundo seria um lugar bem melhor para se viver.


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